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A MARCA DE UM GÊNIO!
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O polêmico e genial Orson Welles.
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Quando digo que este é um país inculto, sempre escuto críticas de alguém. Mas veja bem; numa praça próximo do prédio que eu moro, tem uma banca em que o sujeito vende filmes VHS e DVD de segunda mão. Isto é, produtos que alguém por algum motivo não quis mais e vendeu para o dono da banca e este revende para quem quiser comprar. Até aí tudo bem. Num país como nosso a coisa funciona mais ou menos deste jeito. Pior é quando o fulano compra os chamados produtos "piratas". Aliás, vendedores ambulantes de produtos piratas é o que mais tem neste país, vende-se de tudo, mas ninguém toma providência, muito menos as autoridades; na verdade nem dão bola. Mas não é desta contravenção que eu quero falar, falo da falta de cultura (em geral!) cinematográfica que assola o país, principalmente entre estes vendedores e donos dos chamados museus disto e daquilo, e que na verdade não sabem o real valor do produto que têm nas mãos. Na banca deste sujeito encontrei um DVD sobre um filme de uma tal apresentadora de TV, que o dono da banca não vendia por menos de R$20,00, como se fosse um tesouro. Barbaridade! E do lado uma obra-prima de um gênio chamado Orson Welles, que o sujeito estava vendendo por R$10,00. Pechinchei e levei para casa o clássico A Marca da Maldade por apenas R$6,00!! Mas quando eu falei (só de brincadeira) se ele não deixava o DVD da tal apresentadora de TV por R$15,00; o cara ficou uma fera, só faltou me bater. Uma completa ignorância cinematográfica. É uma covardia, porque alguém que conhece o que realmente tem valor acaba levando vantagem ... É, mas é assim que a vida é e é assim que funciona neste país.
Bem, mas chega de conversa mole e vamos ao filme!
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A Marca da Maldade .. O corrupto Hank Quinlan.
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Baseado no livro homônimo de Whit Masterson (pseudônimo mais usado pela dupla Robert Wade e Bill Miller), o próprio Welles fez o roteiro desta atemporal obra-prima (junto com Paul Monash e Franklin Coen que não foram creditados) . Um film-noir que é um retrato excepcional da corrupção e obsessão moral. O filme foi adulterado a pedido dos executivos da Universal Pictures, que não gostaram do resultado final apresentado pelo mestre Orson Welles, incluindo cenas, reescrevendo trechos e reeditando o filme. Welles chegou a escrever uma carta de 58 páginas discutindo as mudanças, mas não foi atendido. Somente 40 anos depois, a dupla Bob O’Neill e Rick Schmidlin encontrou a carta e resolveram remontar o filme seguindo as instruções de Welles, acrescentando cenas que estavam nos arquivos da Universal.

Desde que estourou em 1941 com Cidadão Kane, Welles foi sinônimo de genialidade e polêmica. Contestador, sempre teve que “lutar” para fazer, apresentar e garantir que sua obra sobrevivesse aos poderes capitalistas dos estúdios e dos produtores que não gostavam de sua “arrogância artística” e também que diziam, era um tremendo gastador. Felizmente, a obra sobrevive aos homens; e este foi o caso de A Marca da Maldade.

Por fim, podemos “ler o filme” depois de sua ressurreição e notar que a produção de Welles é cheia de energia, e é, segundo alguns críticos, melhor do que os filmes anteriores do diretor. Um exagero, evidentemente. Cidadão Kane é imbatíbel!

Todo o projeto do filme tem um ar irreal, audaciosamente trabalhando num submundo de corrupção policial, sexo, drogas e racismo. Welles imprime um estilo próprio e único neste filme. A Marca da Maldade é um estudo extremamente interessante sobre o caráter de um homem, o filme impressiona pelo visual sombrio, que faz com que o ar seja ainda mais decadente nas cidades que se situam nos dois lados da fronteira entre o México e os EUA.

Por fim, os movimentos de câmera não nos deixam esquecer que estamos assistindo à um filme de Orson Welles. E vendo o próprio Welles em ação, não podemos esquecer que estamos assistindo o Welles!

Este DVD que eu comprei na banca da praça é uma versão completa e sem cortes (a tal versão restaurada) que tanto falam. É impressionante que um filme feito em 1958, a mais de 50 anos atrás, possa ainda deixar quem o assista com a impressão de que o mal realmente existe. A atuação de Orson Welles como o corrupto Hank Quinlan é algo para se colocar na história dos grandes personagens do cinema. E ainda acham que um filmizinho sobre uma bobeira qualquer possa ser mais valioso do que esta obra-prima. É brincadeira!

Em última análise, podemos dizer que A Marca da Maldade é um filme que trata de forma vigorosa a questão da ética, onde o próprio título original estampa como um aviso de que aqui se trava a luta do bem contra o mal. Uma obra-prima sob todos os aspectos

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